terça-feira, 4 de setembro de 2007

Saneamento Básico.




Essas duas palavrinhas do título nos lembram a falta de higiene, esgoto entupido, sujeira caíndo para todos os lados, crianças descalsas brincando nessa sujeira toda. Pois bem, esse é o cenário de muitas histórias reais, mas não no meu texto de hoje. Saneamento básico- o filme, é o novo longa do cineasta Jorge Furtado, que já está nos cinemas mais próximos. O filme conta a história de uma família que mora em um vilarejo italiano e querem contruir uma fossa na cidade porque não têm saneamento básico. Porém, a prefeitura não tem verba para essa obra. O que a prefeiura disponibiliza é uma verba para a produção de um vídeo. (No filme não diz, mas isso é um projeto aqui do estado, chamado Revelando os Brasis, que disponibiliza uma grana para uma cidade cuja população tem até 20 mil habitantes, para a produção de um vídeo).
Então, o que fazer? Já que a prefeitura só pode liberar o dinheiro do vídeo, vamos produzir. E é por causa desse vídeo que o filme se desenrola. Imaginem quatro pessoas sem noção nenhuma de produção audiovisual, tentando fazer um curta? As cenas não poderiam deixar de ser ingraçadas, principalmente para quem conheçe um pouco dessa área. Ver como leigos produziriam vídeos, é um tanto quanto cômico. E o melhor de tudo é que em muitas coisas me identifiquei, pois antes de aprender sobre produções audiovisuais eu pensava como eles. O filme é uma aula de cinema. E o interessante é ver como os personagens ficam cada vez mais interessados nessa produção, mas é claro, nunca deixando de lado o real motivo.
Não poderia deixar de dizer que os atores estão sensacionais, e dão uma aula de interpretação. Eu sei que usei um clichezão, mas nada melhor que um clichê para adjetivá-los. Fernanda Torres, Wagner Moura, Camila Pitanga, Bruno Garcia, Paulo Betti e Tonico Ferreira, entenderam agora?
Pois é, e esse filme foi obra de um dos maiores cineastas Brasileiros que temos na atualidade. E porque não dizer melhor dos que já tivemos até hoje?
Jorge abusa do comum para produzir filmes, e por isso os faz com qualidade. Quem não assistiu “Ilha das flores”, por favor, assista. Para mim, seu melhor filme até hoje. Na verdade Ilha das flores é um curta e uma espécie de documentário, e Jorge abusa da semiótica para contar a história. É incrível.
E felizmente, tive a oportunidade de aprender um pouquinho mais com esse gênio de telecéfalo altamente desenvolvido, aqui em Vitória.
Jorge veio para o Festival Rec – Festival Nacional de Vídeos Universitários – para lançar o seu filme e dar uma palestra para nós, estudantes. Quem pôde conferir, não deixou um segundo de prestar atenção em suas palavras.
Sim, estou babando o ovo dele, porque é fato que os cineastas possuem um ego muito exarcebado, e acham que são os donos da cultura intelectual, principalmente aqui no Espírito Santo. Pois bem, Jorge veio para quebrar essa corrente, e mostrar que atrás de um grande cineasta, primeiro existiu um cara que estudou e leu muito. E foi por isso que ele se tornou o que é hoje, sem perder a simplicidade.
Queria poder contar mais sobre o Jorge, sobre seus outros filmes, e falar, falar e falar, mas meu tempo está acabando e vocês não teriam tempo de ler uma biografia inteira.













Então, para finalizar meu texto, como sempre, vou deixar uma dica. Quem quiser saber um pouco mais sobre produção de roteiros, curtas e filmes, acesse: http://www.casacinepoa.com.br/ que lá tem textos do Jorge Furtado e de outros cineastas e produtores falando sobre isso. Esse site é da casa de Cinema De Porto Alegre que foi criada em dezembro de 1987, por um grupo de cineastas gaúchos.





Jô.

3 comentários:

Unknown disse...

eu quero ver!
casacinepoa.com.br é o site que vc tinha falado né?

Grazielly disse...

OI..atualizei o meu hj.. vai lá! bjus

Gui Sillva disse...

Saneamento Básico, o novo filme de Jorge Furtado deve agradar em cheio às platéias: é divertido, embora peque em algumas piadas bobas, e é o melhor exemplo do que se pretende ser um cinema popular.
Ao homenagear seu ofício, o diretor transforma o recurso da metalinguagem num prazer para o público. É delicioso acompanhar personagens como Marina (Fernanda Torres) e Joaquim (Wagner Moura) tentando fazer um filme trash e garantir o conserto da fossa de sua cidade. No meio do riso, ainda há espaço para uma alfinetada no tão discutido financiamento público para a cultura, quase como um tiro no pé.

Ahhh...e eu adoro a Fernada Torres. É um espetáculo!
beijos

Gui